domingo, 26 de abril de 2009

Dança Artística de Salão (parte I) por Caroline Martins



O que poderia modificar a inclusão de uma palavra no atual sentido de outra?
Artístico é um adjetivo, que é relacionado com aquilo que é feito com arte.
Não seria então,artística a Dança de Salão por si só? Sim.
Por estar inserida em Dança e Dança é considerada uma linguagem artística,a Dança de Salão abrange todo o lado técnico de executar os passos,uma profunda fidelidade aos ritmos e todo o contexto caracterísco de cada estilo somando ao fato de que isso é mostrado coreograficamente para um público,todavia, o lado artístico desta modalidade deixa a desejar quando se fala de composições coreográficas e pesquisas,uma vez que,na maioria dos casos são apresentadas em salões(restaurantes,bares,eventos,etc.) como mero entretenimento e sem qualquer relação entre um número e o outro. Não é uma obrigatoriedade,pois sempre que se dança, por exemplo, um Tango com música,passos e figurino de tango, cumpre-se a função. Mesmo assim não é por isso que deve-se cair no comodismo e crer que não se pode ir além disso,sem novos horizontes,novas questões,novas possibilidades.Eis que adentramos em algo de suma importância para quem quer aprofundar suas montagens: a pesquisa coreográfica nas composições,e para acrescentar ainda mais,arriscar-se com o inusitado,fundir a Dança com outras linguagens, talvez, nós falamos então de uma dança mais adequada aos palcos,onde o público presente tem a intenção de ver um trabalho que reverbere em suas mentes e em seus corpos,que provoque além de uma bela vista,distanciando-se daquela Dança "vazia",a qual pode ser dançada enquanto a platéia está jantando,conversando ou fazendo qualquer coisa com importância maior do que o compromisso de assistir a obra.
A idéia aqui não é propor radicalismos, não pode agora toda a população da Dança de Salão começar a inventar modismos e virar uma competição de quem é o mais diferente. A idéia é ver este lado como mais uma possibilidade dentre todas que pode-se fazer com Dança,no caso, Dança de Salão.
O tradicional não deve ser encaixotado e esquecido,deve-se ainda existir aqueles que fazem o clássico, o tradicional, artistas que trabalham para entreter a população sem intuito de propor novidades, a Dança de salão venéria é feita nos salões de eventos,não é coreografada, casais se divertem num improviso envolvidos com a música e é esta a base para estas novas propostas, esta iniciará a caminhada para se chegar em algo que não tenha um fim...mas que seja um meio de criar,de desenvolver obras que vão evoluir com o tempo,mas precisam deste passado para existir.Não se pode criar o novo se não tivermos algo referencialmente antigo.
Vamos por partes.Então como devemos começar a repensar a Dança de Salão? Como transformar uma coreografia que já tem tanta característica carregada,um ritmo cheio de esteriótipos e que a maneira óbvia de dança-lo é tão confortável?
Primeiro creio que deve-se refletir sobre o que é uma coreografia e quais princípios devemos tomar para partir para uma organização de movimentos?
Existem alguns principios que podem nortear um coreógrafo,segundo Elizabeth Hayes, em Dance Composition and Production.
1- Unidade - o coreógrafo deve ter uma concepção muito clara de seu propósito. Dessa maneira,estará apto a pesquisar e então selecionar a movimentação que irá expressar,ilustrar,comunicar ou simplesmente existir enquanto movimento. Os movimentos não necessitam virar mímica e comunicar o tempo todo,mas ter uma coerencia entre si,porém cada um com suas qualidades,alcance,direção e estrutura dinâmica. Devem enfatizar o tema da Dança.
2- Variedade - Dentro de unidade,um outro princípio merecedor de consideração, a necessidade por variedade. A alteração do coneteúdo e forma de uma obra,descobre-se o novo,a partir da substância original.Ou seja a base serve para dali surgirem novas surpresas e novas maneiras de realizar uma mesma coisa,dessa forma prende-se o espectador.Sem tal variedade,perde-se o interesse. O movimento expressivo corporal oferece inúmeras possibilidades.É preciso pesquisar.
3-Repetição - A ênfase em um determinado é desejavel também,além da variedade do mesmo. Dessa forma o coreógrafo pode intensificar seu tema. Sabe-se que a percepção da dança é visual e esta imagem recebida pelo espectador é esquecida em instantes.Não se pode voltar atrás quando se vê a Dança ao vivo. A repetição pode auxiliar quando se quer fixar algo na memória do expectador ou apenas experimentar uma experiência estética.
4- Contraste- Contraste parece ser similar com variedade porém são coisas diferentes,variamos quando diversificamos um material dentro da idéia utilizada. Contrastar é introduzir um termo ou um padrão diferente do orginal,da sua base e de suas variações. Isto dá a coreografia uma oposição dinâmica. A coreografia se enriquece e oferece uma nova força de significados.
5- Transição - são as conexões entre as seções que dão unidade para a obra. Isto dá uma continuidade entre movimentos e momentos. Algumas ações não deveriam demonstrar uma previsão ou antecipação do que virá a seguir,por isso é um processo delicado. Confere aos movimentos uma certa vitalidade que de outra forma pareceriam uma série de poses fotográficas.A transição dá a animação para as poses e as passagens coreográficas.
6- Sequência- é a colocação lógica das partes numa ordem significativa.Deve-se ter uma lógica cronológica,como numa frase,que organizamos as palavras para estas fazerem sentido,quando desorganizamos,ficam apenas palavras sem nexo.Isso vale mais para as danças com um gênero narrativo,que estejam contando uma história.Atualmente a falta de nexo também é bem-vinda,sendo ela mesma uma estratégia,uma maneira de encrementar a obra.
7-Clímax- Os arranjos sequenciais dão continuidade para a obra e também preparam o desenvolvimento do clímax,os movimentos podem prepará-lo,complementa-lo ou finalizá-lo.Sem um clímax,a coreografia fica monótona,e se ocorrerem em série de climax menores,a obra fica desinteressante.O coreógrafo deve pensar em que momento da obra será o clímax.Pode ser feito de inúmeras maneiras,seja uma brusca variada no tempo-ritmo da obra,seja o aumento ou diminuição de bailarinos em cena ou seja a dinâmica do movimento,para que seja um clímax,deve ser claro e coerente com o antes e o depois.
8- Proporção- Significa a relação de uma parte com a outra com respeito à magnitude,quantidade ou grau.Se a proporção é variada,o resultado se tornará mais interessante.Na dança o princípio de proporção se refere à seleção quantitativa das pastes em termos dos seus relativos números,dimensões,valores temporais ou ênfases dinâmicas.Isso quando trata-se tanto aos movimentos individuais quanto às maiores seções de agrupamentos composicionais dos bailarinos. O bom uso proporcional adiciona valor estético,interesse e ajuda a apontar as partes significativas da dança, dando-as ênfase crescente.
9-Harmonia- é nada mais do que a concordância agradável das partes do todo.Implica em coordenar o jogo das forças entre várias partes de uma composição.



Concluindo,caros colegas,o processo de composição coreográfica precisa articular com estes princípios. Um conhecimento de tais formas não os deixará cair em obras,digamos, desinteressantes. Os princípios acima descritos podem auxiliar na pesquisa e seleção de movimentos,na estrutura ritmica,desenho espacial,figurino ou outro fator qualquer que se incorpore na composição final.
Podemos não apenas utilizá-los na criação,mas também com critérios de avaliação. Se por vezes a montagem está com aquele "está faltando alguma coisa", reveja então alguns princípios para que se possa modificar esta falha.
Repensar as coreografias de modo a deixá-las criativas e com a intenção de deixar clara sua idéia não é necessário apenas "talento", mas requer conhecimentos mais aprofundados de composição e movimento.
Na parte II, pretendo trazer algo relacionado aos Fatores de Movimento,propostos por Rudolf Laban, o que servirá para todos os tipos de movimentos imagináveis, para aulas,preparos físicos, movimentos de coreografia,movimentos de improviso,e falaremos então de 'qualidade de movimento', algo também importante para a Dança,enfim,não é a toa que a teoria de Laban é considerda a "bíblia" dos artistas e incrívelmente não só dos artistas!
Até lá!Boa leitura!
Abraço!

terça-feira, 7 de abril de 2009


Boa Tarde!!!

Este é um Blog que criei para trocarmos informações,postar nossos artigos,nossas idéias,divulgar eventos,enfim...mais um meio de comunicação!! hehehe

Espero que funcione!!

Uma feliz Páscoa para todos! Muito chocolate e muita dança!!

Abraços,

Caroline Martins!